quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Teriam pernas de pau e caras de mau?


 
A Pirataria sempre foi um tema que suscitou muita curiosidade entre os mais novos.
Serão os piratas apenas figuras e personagens que alimentam o imaginário das crianças e jovens, ou terão mesmo existido?
A verdade é que a pirataria foi mesmo uma realidade e a História, principalmente a dos séculos XVI, XVII e XVIII está repleta de histórias de pirataria.
 
Hoje vou contar-vos uma verdadeira história de piratas, uma história da grande História! Ora prestem atenção!
 
"Esta história passou-se numa pequena vila de pescadores da costa alentejana cujo nome era Vila Nova de Milfontes. Estávamos no ano de 1590, coisa, menos coisa. Vila Nova de Milfontes era ainda uma terra pequenina. Era um dia santo e, como tal, dia em que toda a população acorria à pequena igreja local para assistir à missa. Nesse dia, como era hábito acontecer nos dias santos, os pescadores não saíram para o mar e os homens da lavoura pousaram  as suas alfaias. No forte, os soldados dormitavam, jamais imaginando que uma armada de galés de piratas pudesse surgir na barra...
Quando à saída da igreja, homens e mulheres se aperceberam do que estava a acontecer, era tarde de mais. Murata Rais, o famoso corsário mouro entrara na barra com as suas galés e ordenara aos seus homens que descessem os botes e atacassem a vila.
Os piratas eram às centenas e estavam bem armados. Entraram em todas as casas da vila para roubar os pobres e parcos haveres das pessoas. Depois, zangados com a pobreza do saque, deitaram fogo às casas e, passando pelas cercas e pequenas hortas, queimaram as culturas, principalmente as vinhas e os trigais que eram o sustento da população naquele tempo.
Por toda a vila se ouviam gritos, clamores e choros. A população corria para onde podia, tentando esconder-se nos canaviais que rodeavam as cercas e nas dunas, mas os piratas eram muitos e corriam, corriam, corriam...
Ao partir, a armada de Murata Rais levava consigo muitos habitantes cativos. O que iria ser daquela gente? Teriam outro destino a não ser a escravatura?
Os velhos que ficaram para trás, olhavam o horizonte para lá da barra e choravam pelos filhos que viam partir e que, certamente não voltariam a ver!... "Malditos piratas, o que iremos fazer agora da nossa vida", diziam...
 
Fonte: António Martins Quaresma, in "Apontamento Histórico sobre Vila Nova de Milfontes", (2ª edição), 1988
 


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