quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Os primórdios do cinema

Irmãos Lumière
 
O cinema surgiu há 120 anos atrás na cidade de Lyon em França, quando dois irmãos de apelido Lumière puseram a funcionar um aparelho por eles desenvolvido, o cinematógrafo (aparelho que funcionava ao mesmo tempo como máquina de filmar e projetor de cinema). Os irmãos Lumière eram filhos de um industrial que possuía uma fábrica de películas fotográficas, por isso, puderam, desde cedo, contactar com este tipo de materiais e desenvolver as primeiras experiências cinematográficas. A fábrica Lumiére constituiu o cenário do primeiro filme de cinema em 1895. Os filmes realizados por estes dois irmãos eram pequenas curtas metragens de alguns minutos que retratavam cenas da vida quotidiana: a saída dos operários da fábrica; a alimentação do bebé; a chegada do comboio à estação... Hoje, estes filmes dos irmãos Lumière  são documentos preciosos  para o estudo da História dos finais do século XIX.
O vídeo que partilho convosco é uma compilação dos primeiros filmes dos irmãos Lumiéres. Divirtam-se!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Tráfego urbano - Um problema com mais de 100 anos

Embora vivamos numa pacata vila do litoral alentejano, conhecemos a realidade dos grandes meios urbanos e sabemos como o tráfego automóvel constitui hoje um problema para todos os que diariamente se deslocam, não só das periferias para os grandes centros urbanos, como também para os que se deslocam no interior das cidades.
É verdade que o intenso tráfego automóvel nas grandes cidades é uma realidade das últimas décadas. Temos  dificuldade em imaginar as ruas das nossas vilas e cidades sem automóveis e sem autocarros. Isto leva-nos a uma interrogação: e como seriam as cidades de há 100 ou 120 anos atrás? Venham, então fazer connosco uma viagem à cidade de Londres nos inícios do século XX (1903) e conhecer as suas movimentadas ruas.
Para aqueles que conseguirem ter paciência para ver o pequeno filme do princípio até ao fim, lançamos um desafio: contar o número de automóveis. Para confirmar a resposta, terão que estar atentos às próximas notícias no blogue. Boa visualização e olhos bem abertos!
 
B
 

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O primeiro automóvel em Portugal

 

 
 
Há 120 anos atrás, um ilustre aristocrata português,  D. Jorge de Avillez, residente na vila de Santiago do Cacém, recebeu, na alfândega da cidade de Lisboa uma  encomenda muito especial, um automóvel Panhard Levassor, um veículo com motor capaz de circular a 20 quilómetros por hora. Era uma coisa inacreditável, um veículo sem cavalos, capaz de mover-se sozinho, coisa nunca vista em Portugal!!! Imagine-se a curiosidade e o pasmo das gentes de Lisboa ao ver desembarcar tão estranho veículo.
Na alfândega foi necessário registar e taxar o veículo, o que constituiu um verdadeiro problema, já que nenhum dos diligentes funcionários  daquele posto de controle de mercadorias o era capaz de classificar. Como fazer? Classificá-lo como uma máquina agrícola ou como um locomobile, um veículo movido a vapor? A segunda hipótese levantada foi aquela que  fez mais sentido e o primeiro automóvel existente em Portugal, um veículo a motor de combustão, foi registado como um veículo a vapor.
D. Jorge Avillez e o seu grande amigo, José Benedito Hidalgo de Vilhena,  naquele longínquo dia 11 de outubro de 1895, ansiavam por fazer a travessia do Tejo para que, chegando à margem sul do rio, pudessem dar início à longa viagem que tinham pela frente até Santiago do Cacém, 150 quilómetros a 15 quilómetros à hora, era uma jornada interminável.
Com a ajuda preciosa de um mecânico, foi possível pôr o veículo a funcionar e, para pasmo do curiosos que assistiram a tal manobra, os três homens iniciaram a viagem da margem sul do Tejo até Santiago do Cacém.
  
 
  Ao entrar na vila de Palmela, um aparatoso acidente quase estragou aquela primeira viagem de automóvel, pois um burro teimoso, habituado à pacatez das velhas estradas e caminhos de terra batida, não conseguiu escapar-se a tempo às rodas do veículo automóvel  e levou uma tal pancada que o deixou atordoado e sem vida à beira da estrada. Por sinal, o dono do automóvel era um senhor conde, rico e endinheirado, pelo que o problema do atropelamento do burro não foi difícil de resolver.  D. Jorge de Avillez, assumindo a culpa do acidente, abriu a carteira e entregou ao dono do burro dezoito mil réis, dinheiro que, na altura, era suficiente para pagar três burros. Resolvido o problema, sem intervenção de autoridades, pois tal necessidade não se fazia ainda sentir em Portugal,  os três homens puderam realizar,  em paz e sem mais acidentes de percurso, a viagem até Santiago do Cacém.
  
O primeiro automóvel português é hoje um objeto de museu e encontra-se em exposição ao público no Museu da Alfândega da cidade do Porto.
 
Foto em cima. arquivo MTC/Luís Ferreira Alves
 
O automóvel que poderás observar no vídeo é um protótipo (um modelo idêntico) ao veículo mencionado no texto que acabaste de ler.