terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Os alimentos também tem História -3 - Os legumes que atravesssaram o Atlântico



   A batata não foi o único vegetal a ter o privilégio de atravessar o Atlântico nas caravelas e naus  dos séculos XV e XVI. Para além deste, também outros vegetais e legumes fizeram esta travessia e chegaram à Europa no século XVI. Estamos a falar concretamente de vegetais ou legumes como o milho, o tomate, o pimento e a beringela, os quais eram alimentos cultivados e consumidos pelos índios que habitavam as regiões da América  Central e do Sul.
   Tal como aconteceu com a batata, também alguns destes legumes não foram imediatamente adotados pelos Europeus no século XVI. Desconfiados e medrosos, os Europeus não os aceitaram de imediato como alimento e cultivaram-nos nos jardins, onde cresciam como plantas exóticas e ornamentais. O tomate, por exemplo, foi durante muito tempo considerado um alimento venenoso, pois assemelhava-se à mandrágora, uma planta bastante venenosa.
  Só a partir do século XIX é que estes legumes começaram a ser cultivados para o consumo humano, tornando mais rica e variada a alimentação das gentes do Velho Mundo.
 
"Velho Mundo" - Europa


terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Livros!... Objetos preciosos!



Os livros são objetos que fazem parte da nossa vida. Acompanham-nos à escola, moram nas prateleiras das estantes das nossas casas e das nossas bibliotecas,  guardam nas suas páginas histórias, ideias, fórmulas, ensinamentos, sonhos, esperanças... Quantas vezes nos divertem e nos acompanham nas noites de insónia!... E, quantas vezes nos maçam, quando a vontade de estudar não chega ou quando o sono nos quebra!...
 
 
Desde quando farão os livros parte das nossas vidas? Qual será a História do Livro? Já alguma vez se interrogaram sobre  isto?  De onde vem o livro? Quem o inventou?
Se sentem curiosidade, vamos a isso, acompanhem-nos nesta história!...
 
 
Há mais de 4 mil anos, no Antigo Egito, os escribas escreviam sobre folhas de papiro, um material obtido a partir do caule da planta com o mesmo nome. O papiro era enrolado em rolos e apenas podia ser escrito numa das faces. Para escrever e desenhar sobre as folhas de papiro, os escribas utilizavam um estilete e uma tinta que obtinham misturando carvão vegetal, água e goma.

Alguns séculos mais tarde (século IV d. C.), o papiro como base de escrita foi substituído pelo pergaminho, um material mais duro e resistente, obtido a partir da pele de alguns animais como a ovelha, a cabra ou a vitela e que permitia a escrita em ambos os lados das folhas.  Com o surgimento deste novo material, desapareceram os rolos ou volumen (palavra latina) e surgiram os livros encadernados ou Códices (Códex).
 
 
Rolo ou volumen enrolado em volta dos umbilicus (varetas cilíndricas)

 
Livro ou Códice (Códex em latim)
 
Durante a Idade Média os livros eram objetos muito valiosos e raros, uma vez que eram copiados à mão e, por isso, objetos únicos (não existiam dois livros exatamente iguais). Os livros eram objetos pesados com rígidas capas de madeira forradas a couro, por vezes protegidas com fechaduras. Durante a Idade Média, os livros eram escritos e copiados nas bibliotecas dos mosteiros pelos monges copistas.
 
Monge copista (iluminura)

Embora inventado pelos chineses no segundo século da nossa era, só por volta do século XIII é que o papel chegou à Península Ibérica, trazido pelos árabes. Este material, produzido a partir de fibras vegetais como o algodão, o linho (ou até mesmo feito a partir de trapos velhos) era menos resistente que o pergaminho, mas tinha a vantagem de ser mais barato, mais fácil de fabricar, mais prático e mais leve.



Por volta de meados do século XV, os livros que até então eram escritos à mão, passaram a ser impressos, graças à descoberta da imprensa móvel, feita pelo alemão Johannes Gutenberg. Este inventor lembrou-se de criar uma técnica que permitisse carimbar o papel com um texto ou desenho feito a partir  moldes. Os moldes eram montados numa espécie de tabuleiros  onde as letras metálicas eram organizadas de acordo com o texto que se queria imprimir e impregnadas de tinta.
A descoberta foi extraordinária, na medida em que permitiu a produção de livros em série, tornando-os mais baratos e acessíveis.

 
letras móveis que eram montados em tabuleiros metálicos formando o texto a ser impresso

Do século XV até hoje, o livro evoluiu e chegou a todos os continentes e lugares mais remotos da terra, tornando-se no mais importante instrumento e veículo de cultura, de ensino e de lazer.

 
 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

E para aguçar o apetite... que tal uma pizza?

 
OS ALIMENTOS TAMBÉM HISTÓRIA - 2
 
"Feijoada" ou "pizza"? "Pizza" ou "Jaquinzinhos com molho de tomate"?
É difícil tomar uma decisão? Não me parece! Qual é o jovem que não se perde por uma fatia de pizza bem recheada com queijo, fiambre e cogumelos?
Bem, só o jovem que acabou de comer uma pizza inteirinha recheada com queijo, fiambre e cogumelos, seguida de uma boa sobremesa!...
 
"Pizzas" são modernices, dizem os nossos avós, modernices que vem lá da América do Norte, das terras do "fast food", modernices cheias de gordura e calorias que encantam os jovens e contribuem para o aumento da obesidade!...
Eles lá tem a sua razão, temos que reconhecer! A verdade é que a pizza é um alimento  muito calórico e carregado de gorduras, mas, será que a sua pátria, a sua terra de origem é mesmo a América do Norte?
 
A pizza  é um "prato" ou uma especialidade gastronómica muito antiga. Há mais de 5000 anos, os antigos egípcios e os hebreus moldavam discos de massa feita com farinha, amido e água e assavam-nos em cima de pedras ou tijolos quentes ou coziam-nos em fornos rústicos. Estes pães com a forma de disco eram muitas vezes recheados com pedacinhos de carne, cebola ou legumes e dobrados em forma de sanduiche tal como a atual pizza calzone e tinham o nome de pisceas.
Na Idade Média, no tempo das Cruzadas, os cavaleiros europeus enviados para a Terra Santa conheceram estas "pisceas" e trouxeram-nas para a península Itálica. As piesceas deram origem às pizzas  que, recheadas com novos ingredientes como o queijo, toucinho ou peixe frito e temperadas com azeite e ervas aromáticas, se tornaram o alimento dos mais pobres no sul da Itália, o alimento que matava a fome. 
 

No século XVI, trazido pelos exploradores do Novo Mundo (continente americano), chegou o tomate à Europa. O tomate de polpa vermelha e sumarenta imediatamente  encantou os europeus, principalmente os da região mediterrânica e passou a ser um ingrediente fundamental da sua culinária. Os napolitanos do sul da Itália, já então especialistas na arte de rechear a pizza acrescentaram ao queijo o tomate  temperado com um fio de azeite  e tornaram-na irresistível...
 

Em 1889, há mais de 100 anos, surgiram na cidade de Nápoles, no sul da Itália as primeiras pizzarias. A mais famosa foi a de um senhor chamado Rafaelle Esposito, que um dia confecionou uma pizza para uma princesa em visita à sua cidade.  Essa princesa era Margherita de Savoia esposa do rei Umberto I,  uma mulher nobre que nunca comera um alimento de pobre. Rafelle Esposito confecionou uma  pizza à qual deu o nome de Margherita  com as cores do reino de Saboia (o branco do queijo mozzarella, o verde do manjericão e o vermelho do tomate). Então não é, que a tal princesa Marguerita  gostou mesmo da iguaria? Parece que comeu,  comeu, comeu e, não ficando ainda satisfeita, pediu a caixinha com os restos de pizza para levar para casa, que é como quem diz, para o seu palácio real! *
 Ainda hoje, em todas as pizzarias do mundo é possível encontrar a pizza Margherita a relembrar esta velha história.

* Desculpem a ousadia, mas esta última frase é inventada, pois não existem registos escritos ou documentos históricos que o provem.

E para terminar, vai uma fatia de pizza?